Dia 01/05 - Dia da Literatura Brasileira
1º de maio — Dia da Literatura Brasileira
1º de maio é o Dia da Literatura Brasileira. Nessa data se comemora o nascimento do escritor José de Alencar, além de celebrar a literatura nacional e seus autores.
O escritor José de Alencar, provavelmente em 1870.
O dia escolhido para celebrar a literatura nacional porque, nessa data, comemora-se também o aniversário do escritor José de Alencar. É dia, portanto, de enaltecer a obra desse autor, e também de empreender ações que possam incentivar a leitura de obras nacionais, pois o Brasil possui grandes títulos e autores, como Senhora, de José de Alencar; Dom casmurro, de Machado de Assis; Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus; A hora da estrela, de Clarice Lispector; entre tantos outros.
Origem do Dia da Literatura Brasileira
José de Alencar, que nasceu em 1o de maio de 1829, em Messejana, no estado do Ceará. Além de escritor, era advogado, jornalista e político. Era filiado ao Partido Conservador e foi deputado geral pelo Ceará, além de ministro da justiça, de 1868 a 1870.
Seu primeiro romance, Cinco minutos, foi publicado em 1856. No entanto, suas obras mais conhecidas e populares são: O guarani (1857), Lucíola (1862), Iracema (1865) e Senhora (1875). É o principal e mais versátil romancista do romantismo brasileiro, com romances indianistas, urbanos, regionalistas e históricos. Também escreveu para o teatro, com peças relevantes, como O demônio familiar (1857) e As asas de um anjo (1860).
Em suas obras, além de seguir as características da estética romântica, ousava criar personagens femininas fortes e independentes, como Aurélia Camargo, de Senhora, e Iracema, de romance homônimo. Não podemos deixar de mencionar também outro personagem em situação de inferioridade social, Pedro, da peça O demônio familiar, um jovem escravo que sai do seu lugar de oprimido para exercer poder de manipulação na família de seus donos.
José de Alencar, escritor que serviu de inspiração ao jovem Machado de Assis (que hoje é considerado o maior ou um dos maiores escritores brasileiros), morreu em 12 de dezembro de 1877, no Rio de Janeiro, vítima de tuberculose, doença que tirou a vida de alguns autores românticos.
Movimentos literários do Brasil
A literatura brasileira vem sendo construída desde a descoberta portuguesa do Brasil, em 1500. Na verdade, a literatura oral indígena já existia, antes da chegada dos colonizadores europeus. Entretanto, devido a questões políticas da colonização, essa literatura foi desconsiderada e, por séculos, não recebeu nenhum incentivo. Atualmente, no entanto, alguns autores indígenas, como Daniel Munduruku, começam a ter visibilidade.
A literatura brasileira oficial, então, teve início com as obras escritas no Brasil pelos colonizadores portugueses. Assim, a Carta de Pero Vaz de Caminha (1450-1500) é a primeira obra da literatura brasileira. Em seguida, a nossa literatura foi sendo construída por meio da assimilação de movimentos literários europeus, copiados ou adaptados a elementos nacionais. Realidade que começou a mudar no fim do modernismo brasileiro.
Desse modo, podemos apontar os seguintes movimentos que fazem parte da história da literatura brasileira:
Quinhentismo (1500-1601).
Barroco (1601-1768).
Arcadismo (1768-1836).
Romantismo (1836-1881).
Realismo (1881-1902).
Naturalismo (1881-1902).
Parnasianismo (1881-1902).
Simbolismo (1893-1902).
Pré-modernismo (1902-1922).
Modernismo (1922-1945).
Pós-modernismo ou terceira geração modernista (1945-1978).|1|
Literatura contemporânea (a partir da década de 1970).|2|
Grandes nomes da literatura brasileira
Carlos Drummond de Andrade é um dos grandes nomes da literatura brasileira.
É possível dizer que a literatura brasileira começa, de fato, a ter uma marca nacional a partir da poesia do poeta barroco Gregório de Matos (1636-1696), apesar de que alguns críticos apontam o romantismo como o marco inicial da verdadeira literatura brasileira. De qualquer forma, o Boca do Inferno, como era chamado, é o primeiro grande nome da nossa literatura. O Pe. António Vieira (1608-1697) também deve ser considerado, no entanto, ele é um autor pertencente tanto à literatura brasileira quanto à portuguesa.
Além deles, a literatura brasileira está repleta de grandes autores e autoras de obras clássicas e contemporâneas. Entretanto, citaremos apenas alguns:
Arcadismo: Tomás António Gonzaga (1744-1810) e Cláudio Manuel da Costa (1729-1789).
Romantismo: Gonçalves Dias (1823-1864), Álvares de Azevedo (1831-1852), Castro Alves (1847-1871) e José de Alencar (1829-1877).
Realismo: Machado de Assis (1839-1908).
Naturalismo: Aluísio Azevedo (1857-1913).
Parnasianismo: Olavo Bilac (1865-1918).
Simbolismo: Cruz e Sousa (1861-1898).
Pré-modernismo: Lima Barreto (1881-1922) e Augusto dos Anjos (1884-1914).
Modernismo: Oswald de Andrade (1890-1954), Mário de Andrade (1893-1945), Manuel Bandeira (1886-1968), Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Cecília Meireles (1901-1964), Jorge Amado (1912-2001), Graciliano Ramos (1892-1953), Erico Verissimo (1905-1975), Cora Coralina (1889-1985), Mario Quintana (1906-1994) e Raquel de Queiroz (1910-2003).
Pós-modernismo ou terceira geração modernista: Clarice Lispector (1920-1977), João Guimarães Rosa (1908-1967), Ferreira Gullar (1930-2016) e João Cabral de Melo Neto (1920-1999).
Literatura contemporânea: Paulo Leminski (1944-1989), Caio Fernando Abreu (1948-1996), Arnaldo Antunes (1960-), Conceição Evaristo (1946-), Ana Cristina Cesar (1952-1983) e Carolina Maria de Jesus (1914-1977)|3|.
Obras da literatura brasileira que você não pode deixar de conhecer
Vamos comentar aqui oito livros que você não pode deixar de conhecer, entre as inúmeras grandes obras literárias brasileiras.
1. Senhora, de José de Alencar
Romance urbano do romantismo brasileiro, Senhora (1875), de José de Alencar, é mais uma das obras do autor em que uma personagem feminina forte é a protagonista. Nessa história, Aurélia Camargo, rica e independente, “compra” um marido, Fernando Seixas, para vingar-se.
Apesar do caráter vingativo da personagem, ela carrega também elementos de idealização romântica, como a bondade ao ajudar um amigo em situação financeira desfavorável; a pureza, ao manter sua virgindade mesmo após o casamento com Seixas; e a inteligência, ainda que essa não fosse uma característica feminina valorizada por autores românticos no século XIX.
2. Dom Casmurro, de Machado de Assis
A obra Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis, é irônica em sua própria construção, pois engana a leitora e o leitor ingênuos e românticos, para surpreendê-los, ou zombar deles, no final. Isso porque o livro inicia-se com a história de amor entre os adolescentes Bentinho e Capitu. Assim como nas obras românticas, a amor deles enfrenta uma dificuldade, um empecilho: Bentinho deve ser padre para cumprir uma promessa de sua mãe.
O livro, portanto, parece ser romântico. Até que o narrador quebra a expectativa dos leitores e mostra uma obra realista, em que o ciumento Bentinho desconfia que sua mulher traiu-o com o seu melhor amigo, chegando mesmo a ter um filho nessa aventura extraconjugal. Caberá à leitora e ao leitor confiarem no julgamento desse homem ciumento ou questionarem as suas certezas.
3. Macunaíma, de Mário de Andrade
A importância de Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, está na sua tentativa bem-sucedida de mostrar a identidade brasileira. Assim, o herói sem nenhum caráter representa também uma faceta negativa do povo brasileiro, sem a idealização romântica com a qual a obra dialoga, já que o índio romântico era idealizado, enquanto o índio Macunaíma não o é.
A obra também é importante por resgatar a origem da cultura brasileira, ou seja, a cultura indígena, sem, contudo, deixar de lado as influências estrangeiras que forjaram a nossa identidade miscigenada.
4. O tempo e o vento, de Erico Verissimo
A trilogia O tempo e o vento, de Erico Verissimo, é composta pelos livros “O continente” (1949), em dois volumes, “O retrato” (1951), em dois volumes, e “O arquipélago” (1961), em três volumes. Esses romances narram 200 anos da história do Rio Grande do Sul por meio dos integrantes das famílias Terra e Cambará.
Trata-se de uma saga cheia de emoção e aventura, sem perder a perspectiva política inerente à geração de 1930 do modernismo brasileiro.
5. Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa
O livro Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa, é narrado pelo ex-jagunço Riobaldo. Uma obra sem divisão em capítulos, com fluxos de consciência e muitos neologismos, que conta a história de Riobaldo e Diadorim, e tem como pano de fundo a guerra entre jagunços na República Velha.
Riobaldo carrega consigo duas angústias: o pacto que fez com o diabo e o amor que sente por um homem, isto é, Reinaldo (ou Diadorim).
6. Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus
A obra Quarto de despejo (1960), de Carolina Maria de Jesus, tem por subtítulo: “diário de uma favelada”. Nessa obra, com uma linguagem despojada, a autora relata o seu dia a dia na favela do Canindé, em São Paulo, de 1955 a 1960. Essa mulher negra e favelada consegue, com seu diário, projetar a sua voz para todo o Brasil e, também, para terras estrangeiras, já que seu livro foi publicado em vários países. Nesse diário, Carolina Maria de Jesus fala da miséria, do preconceito, da discriminação, da fome e de seu amor pela literatura.
7. A hora da estrela, de Clarice Lispector
Último romance (ou novela) de Clarice Lispector, A hora da estrela (1977) conta a história de Macabéa, uma datilógrafa nordestina e pobre no Rio de Janeiro. A personagem é o retrato do vazio existencial bem típico da pós-modernidade. Como expressa o narrador Rodrigo S. M.: “Ela somente vive, inspirando e expirando, inspirando e expirando. [...] O seu viver é ralo”.
Aliás, o que mais chama atenção na obra é seu caráter metalinguístico. O narrador, criado por Clarice Lispector (a autora), é um personagem que vai discutir com o leitor o processo de criação de um livro e de seus personagens.
8. A teus pés, de Ana Cristina Cesar
O livro de poesias de Ana Cristina Cesar, A teus pés (1982), tem seu caráter poético centrado na estranheza fragmentária do cotidiano e na plurissignificação, uma poesia que é, sem precisar ser rotulada:
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Notas
|1| Ainda não existe consenso sobre a existência de uma literatura ou estilo pós-modernistas. Se, por um lado, alguns estudiosos consideram autores como Clarice Lispector e João Guimarães Rosa como produtores de uma prosa pós-moderna, portanto, pós-modernista, de outro, há aqueles que consideram esses autores como pertencentes a uma terceira fase modernista. Dessa forma, se existe um pós-modernismo brasileiro, ele se inicia em 1945, com o fim do modernismo, e finaliza-se em 1978, após a morte de Clarice Lispector. Em todo caso, tudo ainda não passa de especulação.
|2| Alguns estudiosos consideram que a literatura contemporânea brasileira tem início na década de 1970. Para outros, a literatura contemporânea ainda (ou também) é pós-modernista.
|3| Carolina Maria de Jesus é de difícil classificação quando o assunto é estilo de época, pois a escritora viveu à margem não só da sociedade mas também da literatura oficial. O caráter marginal e de representação de minorias, marcante em suas obras, está muito mais condizente com o que vem sendo produzido na atualidade, quando há uma valorização da literatura dita periférica. Dessa forma, Carolina Maria de Jesus pode ser considerada uma de suas precursoras. Portanto, estava à frente de seu tempo.
Fonte:
https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/1-de-maio-dia-da-literatura-brasileira.htm
SOUZA, Warley. "1º de maio — Dia da Literatura Brasileira"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/1-de-maio-dia-da-literatura-brasileira.htm. Acesso em 01 de maio de 2024.