SERPENTES FREQUENTEMENTE ENCONTRADAS E RESGATADAS EM NOSSA REGIÃO
Algumas espécies são peçonhentas e poderem causar envenenamento severo em pessoas e animais, mas também são valiosos pelo seu papel na natureza como predadores e presas de vários outros animais. Além disso, muitas possuem um enorme potencial farmacológico e boa parte delas ainda têm seu veneno pouco explorados, podendo trazer inúmeros benefícios para humanidade. Mas a maior parte delas não são peçonhentas.
Por essas razões, é fundamental preservarmos e conhecermos melhor esses animais, entender sua importância e aprendermos a respeitá-los.
As serpentes são vertebrados, carnívoros, pertencentes ao grupo dos répteis. São características destes animais: a ausência de patas, pálpebras e ouvido externo, a presença de língua bífida ou bifurcada e a pele recoberta por escamas. Algumas espécies são peçonhentas, podendo provocar acidentes graves. Entretanto, outras não oferecem risco aos seres humanos.
As serpentes possuem diferentes tipos de dentição.
TIPOS DE DENTIÇÃO
Áglifa
Cascavel (Crotalus durissus) - apresenta fosseta loreal e dentição solenóglifa, sua principal característica é a presença de um chocalho na parte final da cauda, conhecido como “guizo”. Possui coloração marrom-amarelado. As cascavéis são encontradas praticamente em todo território brasileiro. Muito perigosa, é peçonhenta e têm como fator interessante o seu chocoalho ou guizo, que tem a função de avisar a presa que ela não está disposta a brincar.,
Falsa Coral (Oxyrhopus guibei) - é uma serpente de hábito terrícola, habitando os mesmos locais da coral verdadeira. É ativa durante o período iluminado do dia. É um animal dócil, mas toda coral será verdadeira até que seja identificada corretamente. Apresenta dentição opistóglifa. Seu tamanho varia de 70 cm a 1 metro.
Coral Verdadeira (Gênero Micrurus) - são caracterizadas pelas cores: branco, preto, vermelho e amarelo. Não possuem fosseta loreal e sua dentição é proteróglifa. Escondem-se em buracos, sob as folhas, troncos e pedras. São de extrema importância ecológica, pois se alimentam de outras serpentes. é peçonhenta e extremamente perigosa. Não se surpreenda com esse rostinho lindo e com essas cores vibrantes: seu veneno é extremamente toxico, podendo levar a morte em poucos minutos.
As cascavéis, jararacas e surucucus são solenóglifas, ou seja, possuem grandes presas móveis inoculadores de veneno, localizadas na região anterior da boca. As corais verdadeiras são proteróglifas, neste caso, as presas são pequenas, finas, e também são localizadas na região anterior da boca. Os ofídios também podem ser opistóglifos ou áglifos. Um exemplo de serpente opistóglifa é a cobra verde, nela, as presas são pequenas, finas e localizadas no fundo da boca, mas também podem inocular a peçonha. As jiboias e sucuris são exemplos de cobras áglifas, onde não há presença de dentes modificados para injeção de veneno.
COBRA-CEGA - As cobras-cegas, também chamadas de cecílias, pertencentes ao grupo Gymnophiona. Possuem corpo alongado e não apresentam membros locomotores. Sua aparência lembra a de uma serpente ou de uma minhoca, entretanto, não se trata de um réptil, tampouco de um anelídeo. As cobras-cegas são exemplos de anfíbios, mais precisamente do grupo Gymnophiona ou Apoda. São encontradas em áreas tropicais, e a maioria das espécies vive em túneis subterrâneos.
Devido ao hábito fossorial, pouco se sabe a respeito da reprodução das cobras-cegas. Não se sabe com detalhes, por exemplo, como ocorre a corte e a cópula. A fertilização nesses animais é interna e ocorre graças à ação do falodeu, o órgão copulador dos machos. Há espécies ovíparas e vivíparas de cobras-cegas, com desenvolvimento direto ou indireto, ou seja, sem ou com o desenvolvimento de uma forma larvar.
As cobras-cegas alimentam-se de pequenas presas, como formigas, cupins e minhocas.
Cobra-cega possui veneno?
As cobras-cegas são animais que possuem veneno. Em 2018, um artigo intitulado “Skin gland concentrations adapted to different evolutionary pressures in the head and posterior regions of the caecilian Siphonops annulatus” demonstrou que as cobras-cegas possuem glândulas de veneno na pele, as quais funcionam como uma forma de defesa passiva contra predadores. Isso significa que um predador pode se envenenar ao tentar comer o animal, um mecanismo já observado em outros anfíbios, como rãs e sapos.
Mais recentemente, em 2020, o grupo responsável pelo artigo de 2018, liderado por pesquisadores do Instituto Butantan, descobriu que na base dos dentes de cobras-cegas capturadas no Brasil existem glândulas que possuem enzimas comumente encontradas em veneno de alguns animais, como serpentes.
A cobra-cega, ao morder, comprime essas glândulas, que liberam a secreção, a qual penetra no ferimento da presa. Mais estudos estão sendo feitos para caracterizar com mais clareza a secreção produzida por esses animais. Por ser uma cobra muito comum e facilmente encontrada, vale um esforço maior em dar informações sobre ela.
O professor e ambientalista André Renato Dorta Souza, presidente da Associação Projeto Ambiental e cultural Piracanjuba, diz que o correto a se fazer, caso formos surpreendidos com algumas dessas espécies ou outras que não foram citadas na matéria, o ideal não é tentar manusear o animal em nenhuma circunstância. E ficar tentando descobrir se é peçonhenta ou não não vai fazer a diferença: cobra é cobra. Mas, em qualquer hipótese, tentar manter a integridade do animal, entendendo que são tão vítimas quanto nós, mas somos nós que as agredimos, degradando o seu habitat natural e que, devido ao sensível aumento nas temperaturas do planeta, esses encontros talvez sejam cada vez frequentes e que qualquer animal acuado tente a se defender. entre em contato com as autoridades ou especialistas próximos e tente se proteger da melhor maneira possível.
Diz também que só ano de 2024, até o mês de abril, já teve 16 notificações com 8 intervenções, sendo 2 jiboias, uma cascavel e uma caninana que foram resgatadas com vida. As outras 4 já haviam sido sacrificadas. Os animais resgatados foram encaminhando aos setores competentes.
Reporta ainda que muitas pessoas matam esses animais, que em alguns casos é até compreensível, porque nada pode ser pior do que se deparar com uma cobra dentro da própria casa. Mas que o certo é tentar devolver o animal a natureza. em nenhuma hipótese tentar manusear o animal sem qualquer instrução. assistir programas de aventura na TV não torna ninguém um especialista. Nunca se coloque em risco, ou os que estiverem com você.
Caso tenha sido picado, procure imediatamente o serviço médico de saúde mais próximo. O tempo que você vai ficar procurando soluções na internet pode valer a sua vida.
Entre imediatamente em contato com a Polícia Militar Ambiental da sua região.
Veja mais em https://www.projetopiracanjuba.org.br/galerias/categoria/repteis-anfibios-e-peconhentos/5/
Fontes:
http://www.biologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=474&evento=3
https://escolakids.uol.com.br/ciencias/cobra-cega.htm